17 de abril de 2014

TUDO COMEÇOU...

Tudo começou, era eu ainda muito pequenina... Com seis anos apenas, vivia atromentada pelo que o meu pai (se é que lhe posso chamar isso), poderia fazer se aparecesse... Era uma criança apenas queria brincar, ir a escola sem medos como todas as criança da minha idade. Estava no meu primeiro ano escolar, um passo importante, mas mais uma vez, cheia de medos nao conseguia dar o melhor de mim.. Da escola para casa ou de casa para escola nunca fazia o percurso sozinha por o simples medo que o meu pai aparecesse e me fizesse mal. Ele deveria proteger-me mas ao contrario ele pensava só nele e começou a  usar substancias que na altura para mim era dificil de perceber, que alterava o seu comportamento, ele tornava-se violento comigo, com a minha irmã que sofre de paralesia cerebral e principalmente com a minha mae, que de todas as maneiras nos tentava defender. Na escola os professores chamavam constantemente a minha mae devido a minha falta de concentração... E nao era só, como se nao basta-se ainda havia crianças maldosas que brincavam com a situação e atormentavam-me dizem-do que o meu pai estava do outro lado da rua.. Sabiam que eu ia a correr esconder-me com o medo, que ficaria triste mas mesmo assim continuavam! Nao escolhemos os pais que temos infelizmente.. Se podesse mudaria de pai pois um pai protege, da amor, da carinho e eu nunca tive isso do meu... Os dias iam continuando a minha mae dormia ao meu lado e da minha irma para nos proteger. Cai-a a noite e a porta do quarto fechava-se a chave. Era supostamente hora de dormir como em tantos outros dias o tinha-mos feito! Infelizmente isso nao foi possivel pois o meu pai mais uma vez chegou a casa num estado deprimente se assim o posso descrever. Drogado sem a minima noção dos seus actos começou  a partir tudo o que o rodeava, tudo que a minha mãe havia construido com tanta dificuldade e sacrificio. Como se nao basta-se tentou abrir a porta do quarto onde nos encontrava-mos mas nao conseguiu pois estava fecahada por dentro a chave. Aterrorizada com todo o barulho que ouvia e sem nada perceber a minha mae começou a gritar por socorro, apelando aos vizinhos ajuda pois temia o pior! Longos minutos foram passando até que um vizinho que morava em frente nos ouvisse e chama-se a policia. Nesse curto espaço de tempo so me recordo de ouvir o meu pai gritar que nos ia matar a todas. "Felizmente" a minha irma nao percebia nada do que estava a acontecer, a sua condição de vida nao o permite e ainda bem pois a vida para ela nao lhe iria trazer os  dissabores que se avizinhavam. Finalmente a policia chegou e a minha mae podia enfim sentir um pouco de segurança. Lembro-me vagamente de ela chorar abraçada a nós, ja se tinha tornado um habito ve-la assim, a vida nao lhe sorria, ela tinha de trabalhar e ao mesmo tempo proteger-nos o que nem sempre era facil! Nessa noite fomos retiradas de casa e lembro-me como se fosse hoje de ter sido pegada ao colo pelo meu primo e sentir a proteção nos braços dele. Recordo cada instante desses curtos minutos, a policia entrar e ver tudo destruido, a minha mae a chorar desesperada, os vizinhos a nossa volta a tentar ajudar-nos o minimo que podessem e conseguissem. Fomos levadas para casa de uma tia, que morava ao lado e que nos acolheu depois de tudo se acalmar. Por la ficamos e dessa noite nada mais me recordo pois devia ter adormecido no meio de toda esta confusão.
Um novo dia chegava e o medo de abrir os olhos e perceber que tudo era real assustava-me. Abandona-mos a  nossa casa para sobreviver mas a luta tava longe de chegar ao fim. Todos os dias a minha mae tentava ir buscar o pouco que nos restava pois ele tudo vendia para droga. Ao longo de cada tentativa o medo, o terror voltava e por varias vezes a minha mae sofreu ameças, chegando mesmo a ter uma navalha encostada ao pescoço. Tudo isto por nós, eu e a minha irmã! Infelizmente os dias iam passando e ele ia destruindo ainda mais o pouco que restava, foram poucas as coisas que conseguimos reuperar antes que ele desaparece-se com elas. A cada tentativa havia sempre alguem a tentar proteger-nos principalmente a minha mae que arriscava a vida por nós!!!
Surgiu o processo de divorcio mais uma luta dura e dificil, pois ele reclamava a guarda partilhada das filhas... Como era possivel alguem chegar a estes pontos? Dificil responder e ainda hoje me pergunto! O processo começou e o juiz aceitou que o pai teria direito a estar com as filhas. "O QUÊ" Era impensavel para mim eu temia de medo refugiava-me para nem o ver de longe quanto mais passar um dia com ele. Eu tinha escolha ja podia decidir perante o juiz se queria ou nao, mas e a minha irma? que nao falava, nao entendia, era uma vitima no meio disto tudo! Ela nao teve escolha e nesse dia foi declarado que iria passar alguns dias decretados pelo juiz como o meu pai e que a noite voltaria para casa. Era o desespero assumido na cara da minha mae, o medo que ele lhe podesse fazer mal. Foi dificil mas tivemos de aceitar e la foi ela passar o dia com ele... Um dia de desespero que nao conseguimos aguentar e a minha mae com ajuda do meu avô e de mais familiares foram busca-la e depararam-se com un cenério horrivel. Lá estava ele todo drogado no quarto fechado cheio de fumo e a minha irma lá dentro. De imediato a tiraram de lá pois corria serios riscos de saude como o facto de nao conseguir respirar no meio de todo aquele fumo que invadia o quarto e se foi espalhando pela casa... Ele reagiu mal e mais uma vez tentou agredir a minha mae mas tava la o meu avô entre outras pessoas para a proteger. Graças a deus tudo correu bem a minha irma estava bem, ele nao lhe tinha feito mal porém era o que mais temia-mos. De regresso a casa mal posso explicar a alegria que senti ao vê-la chegar, é inexplicavél!
A partir daquele dia era uma guerra aberta. Audiencias, advogados, tribunal, testemunhas um mundo de adultos no qual nunca nenhuma criança deveria entrar, mas ja era tarde e nao havia qualquer outra hipotése senao enfrentar tudo isto para poder-mos seguir com a nossa vida longe daquele que, nunca foi e nunca sera um pai... A guarda partilhada foi retirada pelo juiz depois de ouvir testemunhas relatarem o acontecido! Era uma batalha a menos para vencer, porém outras igualmente dificeis se arrastavam no tribunal. O divorcio, o direito a casa tudo o que nos pertencia e pelo qual a minha mae tanto tinha lutado. Foram longos e duros meses em tribunais a lutar, mas a minha mãe, a maior gerreira que pode existir a face da terra nao desistia mesmo completamente destruida por dentro e a sofrer uma grave depressão!
Ela tinha perdido peso,mal comia, mal dormia e nao tinha forças para ir trabalhar, mas ela continuava a lutar!!!
Mais uma audiência marcada, mais uma esperança que tudo se resolvesse, que ele fosse obrigado a sair daquilo que nos pertencia, a nossa casa. Enfrente a advogados, ao juiz ele continuava com atitude arrogante e sem a minima noção dos seus actos. Estava em causa a nossa casa e ele nao fazia a minima intenção de sair de lá e das nossas vidas. Pra ele era mais um dia em que as atenções o rodeavam! Foi anunciado pelo advogado que ele nao assinaria o divorcio e nao teria intenção de abandonar o "lar". Mas que hipocresia! O lar? Acusou-nos de o termos abandonado? Como se tivesse-mos tido escolha. Não abandona-mos, fomos obrigadas a sair, para sobreviver, antes que algo de mais horivel acontecesse. Final de mais uma audiencia que nao deu em nada apenas em sofrimento, mas nao era motivo para a minha mãe baixar os braços, pois era o nosso futuro que estava em causa. Juntamente com o advogado foi decidido avançar para o divercio litigioso. O ínicio de um batalha dura, mas era apenas mais uma! O tempo ia passando e nós continua-mos a viver com a minha tia,o meu tio e os meus primos, até que um dia um telefonema mudou tudo! Era o meu avô que morava perto de nós a comunicar-mos que a minha avó tinha falecido. Nesse dia ele pediu-nos para ir morar com ele e com a minha tia mais nova. A minha mãe aceitou, pois queria estar ao lado do pai, para o apoiar e ao mesmo tempo sentir-se protegida pois ele preocupava-se e ajudava-nos muito. Parecia que o mundo estava a desmorenar-se nas nossas cabeças, tudo acontecia! E o estado de saude da minha mae ja tinha conhecido melhores dia....

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